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Pesquisadores da UNIFAL e do IFSULDEMINAS divulgam artigo na Nature sobre uso de biossólidos.

Publicado: Segunda, 16 de Setembro de 2024, 13h39 | Última atualização em Segunda, 16 de Setembro de 2024, 17h25

PHOTO 2024 09 11 20 16 33Sete pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, comprovaram que os biossólidos podem ser utilizados como fonte nutritiva no cultivo de Crisântemos em um estudo divulgado na Revista Nature.

O Scientific Reports da Nature é o 5º periódico mais citado do mundo, com mais de 734.000 citações em 2023. A revista possui as mesmas diretrizes de política ética e editorial de outros periódicos do Portfolio Nature para garantir que todas as pesquisas sejam cientificamente robustas, originais e da mais alta qualidade.

No artigo "Biosolid as an alternative source of nutrients in chrysanthemum cultivation", os autores demonstraram que o Biossólido pode ser uma fonte alternativa de nutriente para o cultivo de crisântemos, economizando fertilizantes minerais químicos, reduzindo custo de produção e destinando adequadamente este resíduo.

Importância do artigo

O artigo é proveniente do trabalho de dissertação de mestrado de Frederico Luiz Pereira na UNIFAL. Segundo o autor, "um dos grandes desafios mundiais é a reposição de nutrientes de forma equilibrada nos diferentes sistemas de cultivo, ao mesmo tempo em que temos por outro lado uma grande produção de resíduos gerados nas Estações de Tratamento a partir do lodo de esgoto urbano, os chamados biossólidos, e a necessidade de uma correta destinação deste resíduo, mesmo após o tratamento em ETEs".

Frederico destaca que "o biossólido, por ter uma composição rica em nutrientes, além de ser uma importante fonte de matéria orgânica e cargas elétricas para o solo/substrato, surge, como alternativa promissora de uso na agricultura, de acordo com sua composição, pois são gerados em grandes quantidades no Brasil e no mundo. Sendo uma temática de importância mundial, nós desenvolvemos uma pesquisa de aplicação prática com esse material e, assim, publicamos os resultados na revista inglesa Scientific Reports, periódico científico altamente reconhecido e conceituado pela comunidade científica mundial pertencente ao sistema NATURE. A publicação, traz informações relevantes, sobre o uso do biossólido, indicando seu potencial de uso para fins agrícolas".

Cerca de 52,2% dos esgotos do país são tratados, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS 2022. E de acordo com o Ranking de Saneamento Básico 2023 do Instituto Trata Brasil, "apenas 27 municípios, entre as 100 maiores cidades do país, tratam mais de 80% dos esgotos. Em 2021, o percentual de esgoto não tratado representava 5,5 mil de piscinas olímpicas despejadas diariamente na natureza".

Segundo Felipe Campos Figueiredo, o Biossólido é proveniente da usina de tratamento de esgoto e é difícil de ser reutilizado por conta no nível de contaminantes biológicos e metais pesados. "O uso como parte do substrato para produção de flores pode ser uma alternativa viável para destino sustentável deste resíduo".

O biossólido (lodo de esgoto após sofrer um processo de estabilização) é um resíduo que pode ser usado como condicionador das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, considerando seu teor de matéria orgânica e nutrientes.

PHOTO 2024 09 11 20 17 00O artigo traz informações sobre qual a melhor proporção de biossólido a ser usado para um maior crescimento e desenvolvimento do Crisântemo em vaso. Felipe Campos Figueiredo citou que o estudo foi realizado, através de um termo de cooperação técnica assinado entre o IFSULDEMINAS e a UNIFAL, com o objetivo de "avaliar o biossólido como fonte alternativa de nutrientes na produção de crisântemos, através da adição de doses crescentes ao substrato de cultivo. O delineamento experimental foi em blocos com 6 tratamentos e 5 repetições. Os tratamentos consistiram da mistura (substrato comercial + biossólido) nas concentrações: 20%, 40%, 60% e 80% de biossólido + dois controles (100% de biossólido e 100% de substrato). O experimento foi conduzido em casa de vegetação por 90 dias. Foram avaliados parâmetros fisiológicos, número de botões florais, biomassa seca e acúmulo de nutrientes. Os parâmetros fisiológicos foram avaliados utilizando o Analisador de Gases Infravermelho. O número de botões florais foi avaliado por contagem. A biomassa foi determinada após a secagem das estruturas e posteriormente calculado o acúmulo de nutrientes. Foram avaliadas 90 plantas. Concentrações de até 40% de biossólido promoveram maior número de botões florais, biomassa seca e acúmulo de nutrientes. Concentrações acima de 60% diminuem número de gemas, incremento de biomassa e acúmulo de nutrientes. Conclui-se que o biossólido tem potencial como fonte alternativa de nutrientes no cultivo de crisântemos, indicando concentrações de até 40% e deve-se verificar o teor de nutrientes de cada lote gerado".

A Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé - Cooxupé contribuiu com as análises químicas de tecidos e o Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da UNIFAL ajudou com o recurso para publicação. Segundo Felipe, os envolvidos tiveram algumas barreiras no desenvolvimento do experimento como a importância de manutenção estufa e do sistema de irrigação. Além disso, os autores não tinham recursos suficientes para a realização das análises químicas de tecidos e para divulgação do artigo.

PHOTO 2024 09 11 20 16 59Os autores

Frederico Luiz Pereira é egresso do Curso Superior de Tecnologia em Cafeicultura e Engenharia Agronômica do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, mestre pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais - PPGCA da UNIFAL/MG e doutorando na ESALq/USP.

Ursuléia Aparecida de Oliveira também é egressa do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, mestre em Ciências Ambientais pela UNIFAL e doutoranda pelo mesmo programa.

Márcio Donizetti Andrade é mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela UEMG e é coordenador do laboratório de análise nas área de Solos, Fertilizantes, Nutrição Animal e Tecido Vegetal da Cooxupé.

Felipe Campos Figueiredo é professor do IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho e doutor em Ciência do solo, atua na área de fertilidade do solo e nutrição mineral de plantas.

Breno Régis Santos é professor doutor da UNIFAL atuando na área de Botânica, com ênfase no uso resíduos ambientais na nutrição de plantas e genotoxicidade e professor PPGCA.

Marília Carvalho é doutora em Fisiologia Vegetal pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) - MG e tem experiência em análises do metabolismo do sistema antioxidante de plantas, citotoxicidade e fitotoxicidade de plantas submetidas a metais pesados.

Sandro Barbosa é professor da UNIFAL e doutor em Genética e melhoramento de plantas, atuando nas áreas de Alelopatia/Fitotoxicidade, Citogenotoxicidade, Ecotoxicologia, Citogenética vegetal e Micropropagação de plantas.

igoTEXTO: Tatiana de Carvalho Duarte

IMAGENS: Acervo dos autores

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