Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Notícias > Importância do descarte correto de resíduos em tempos de pandemia
Início do conteúdo da página

Importância do descarte correto de resíduos em tempos de pandemia

Publicado: Segunda, 23 de Agosto de 2021, 09h47 | Última atualização em Segunda, 23 de Agosto de 2021, 10h44

cover issue 82 pt BRVocê sabia que cada brasileiro produz, em média, 379,2 kg de lixo por ano? Ou seja, mais de 1 kg por dia? E sabia que, nos últimos dez anos, a geração total de resíduos sólidos urbanos no Brasil cresceu 19%? Subindo de 67 milhões de toneladas por ano (em 2010) para 79,6 milhões de toneladas por ano (em 2019), segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil 2020.

E para onde vai todo esse lixo? Em tempos de pandemia, será que o descarte de resíduos contaminados está sendo feito corretamente?

Essas questões despertaram a preocupação de pesquisadores do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, da UFMG e da UNINCOR ao analisarem que a atual política nacional de resíduos sólidos está deficitária em relação ao crescente descarte.

Tal análise chamada de "Reflexões sobre a política nacional de resíduos sólidos e a pandemia da COVID-19: Gerenciamento adequado" foi publicada na última edição da revista Research, Society and Development e teve como objetivo compreender o ritmo de produção dos resíduos e ao mesmo tempo propor a criação de estratégias de prevenção e mitigação de danos ambientais no ambiente hospitalar.

O artigo foi escrito pelo professor do Campus Muzambinho, Fabrício dos Santos Ritá, pelo professor da UFMG, Luciano dos Santos Rodrigues e pelos professores da Universidade Vale do Rio Verde, Gabriela Arja Auad, Rosângela Francisca de Paula Vitor Marques, Eliana Alcantra, Alisson Souza de Oliveira e Aurivan Soares de Freitas.

O descarte de resíduos e a pandemia

Segundo a pesquisa, a questão do gerenciamento durante a pandemia da COVID-19 tornou-se uma situação crítica, "este que antes já enfrentava problemas quanto a gestão adequada, agora lida também com o aumento da quantidade de resíduos que está sendo gerada, principalmente os resíduos de serviço de saúde que são perigosos e necessitam de tratamento diferenciado. É imperioso que haja o treinamento a fim de realizar todas as etapas do gerenciamento desse tipo de resíduo de forma eficiente, necessitando que estes sejam separados e armazenados dos outros resíduos e coletados e tratados por serviços específicos".

Dados da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe - 2020) citados no artigo, ainda ressaltam que durante a pandemia e por conta das medidas de quarentena, isolamento e distanciamento social, "haverá um aumento relevante na quantidade gerada de resíduos sólidos domiciliares (15-25%) e um crescimento bastante considerável na geração de resíduos de serviço de saúde em unidades de atendimento à saúde (10 a 20%)".

A previsão feita pela Associação é que, até 2050, a produção de lixo deverá crescer mais 50% e poderá alcançar 120 milhões de toneladas por ano.

jaleco Fabrício

Como descartar corretamente os resíduos?

Quando tratamos de resíduos domiciliares, a preocupação com o descarte deve ser evidenciada. Afinal, assim como em ambientes hospitalares, a pandemia levou toda população a utilizar objetos potencialmente contagiosos como máscaras e demais ítens de proteção e higiene.

Segundo o professor Fabrício dos Santos Ritá, resíduos como máscaras usadas e demais itens devem ser acondicionados em duas embalagens de sacos plásticos, para evitar a contaminação dos profissionais de limpeza pública, responsáveis pela coleta e transporte para o aterro sanitário.

Já no aterro, a recomendação é que tais resíduos sejam aterrados diariamente para evitar contaminações.

O professor ainda destacou que quando tratamos de sólidos urbanos classificados como resíduos de serviços de saúde, perfurocortantes e infectantes, estes devem ser descartados, removidos, acondicionados, transportados e tratados corretamente, uma vez que. sua natureza exibe riscos potenciais de transmissão de doenças infectocontagiosas. "No âmbito dos resíduos de serviço de saúde, os quais são gerados em hospitais (RSS) é necessário o acondicionamento correto conforme as especificações da RDC 22/2018 quanto ao acondicionamento, sendo que o transporte deverá ser realizado por empresa especializada e os resíduos provenientes desse serviço deverão ser incinerados e posteriormente aterrados em um aterro de classe 1".

Segundo Fabrício, "associado á conjuntura ambiental há de se considerar as atividades laborais dos profissionais envolvidos na sua manipulação e contato direto com os indivíduos que estejam diante da obtenção de atendimento médico ambulatorial e hospitalar. Na abordagem do Coronavírus a complexidade da assistência abrange a substituição dos Equipamentos de Proteção Individual por se tratar de contaminação por contato, como luvas, máscaras, jalecos descartáveis e propés, elevando ainda mais o quantitativo dos resíduos nos hospitais e tornando-se contaminantes após o atendimento a pacientes que foram acometidos pela doença. Associado a todos estes condicionantes ainda há a exposição dos profissionais de limpeza pública no transporte e nos aterros sanitários quando acondicionados incorretamente".

A necessidade do estudo

De acordo com os autores do artigo, a iniciativa de pesquisar a forma do manejo e do tratamento ambientalmente adequado dos resíduos foi motivada a partir de uma produção científica publicada no congresso nacional de meio ambiente de 2020 e pelo agravamento da pandemia de Covid-19. "Uma vez que a população gera os resíduos contaminantes na época de pandemia e os hospitais prestam serviços com a produção de resíduos de origem biológica, há a necessidade de um monitoramento contínuo e rigoroso, e se tratando de um momento em que as hospitalizações atingiram sua capacidade máxima na pandemia, estes também sofreram um aumento preocupante e exponencial".

O docente ainda ressalta que o tratamento adequado dos resíduos representa um desafio global, considerando a crescente demanda por bens de consumo, o envelhecimento da população e a prestação de serviços assistenciais especializados em saúde. "O cerne das questões envolvendo o meio ambiente permeiam a educação ambiental como uma ferramenta fundamental para a criação de novos hábitos sociais, a responsabilização social, civil e jurídica, a implementação das Leis Ambientais como um instrumento de proteção e regulação para a saúde ambiental e promoção da saúde. No contexto local das comunidades é importante o estímulo e á motivação para a coleta seletiva, centros de triagem de resíduos sólidos e o manejo desde a geração à disposição final em áreas ambientalmente adequadas constituindo a gestão e o gerenciamento em âmbito municipal, posturas pedagógicas e educativas em prol do atendimento dos ODS 2030 (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas) e principalmente o compromisso da manutenção do meio ambiente equilibrado para as futuras gerações como prevê o artigo 225 da Constituição Federal de 1988".

Diante da crescente necessidade de adaptação das políticas nacionais de descarte de resíduos observadas no artigo, os atores sugerem como trabalhos futuros:

  • o gerenciamento de resíduos de serviço da saúde em época de pandemia;
  • mudança nos hábitos da população em relação a geração de resíduos;
  • a preservação dos recursos naturais como forma de promover a sustentabilidade;
  • observar a questão dos resíduos sólidos e a problemática do descarte inadequado;
  • a verificação de poluições que podem afetar a saúde pública da população devido ao gerenciamento inadequado dos resíduos.

TEXTO: IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho

IMAGENS: Research, Society and Development

Acervo do professor Fabrício dos Santos Ritá

registrado em:
Fim do conteúdo da página